Olá pessoas queridas!
“A educação, com efeito, não é algo isolado,
abstrato, mas está relacionada estreitamente com a sociedade e cultura de cada
época. Estas produzem ideais e tipos humanos que a educação trata de realizar”.
Luzuriaga (1990)
Ao
falar sobre o valor humano da história, Dilthey afirma que “Só a história nos
diz o que o homem é. É inútil, como fazem alguns, desprender-se de todo o
passado para recomeçar a vida sem qualquer preconceito. Não é possível desprender-se
do que foi; os deuses do passado se convertem em fantasmas. A melodia de nossa
vida traz o acompanhamento do passado. O homem se livra do tormento e da
fugacidade de toda alegria, mediante dedicação aos grandes poderes objetivos
criados pela história”.
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Luzuriaga
(1990) comenta que a história da educação é parte da história da cultura, tal
como esta, por sua vez, é parte da história geral. Para o citado autor não é
fácil definir a história, visto que a mesma apresenta muitas interpretações. A história
é o estudo da realidade humana ao longo do tempo. Além disso, a história da
cultura se refere antes aos produtos da mente humana, tais como se manifesta na
arte, técnica, ciência, moral ou na religião e em suas instituições
correspondentes. A educação é uma dessas manifestações culturais; e também tem
a sua história.
Educação é a influência intencional e
sistemática sobre o ser juvenil, com o propósito de forma-lo e desenvolve-lo. Mas
significa também a ação genérica, ampla, de uma sociedade sobre as gerações
jovens, com o fim de conservar e transmitir a existência coletiva. A educação é
essencial na vida do homem e da sociedade, e existe desde quando há seres
humanos sobre a terra.
Sem educação
não seria possível aquisição e transmissão da cultura, pois pela educação é que
a cultura sobrevive no espírito humano. Cultura sem educação seria cultura
morta. Uma das funções da educação é fazer sobreviver a cultura através dos séculos.
A Pedagogia, por sua vez, é compreendida como
a reflexão sistemática sobre educação. Pedagogia é a ciência da educação. Em outras
palavras, por ela é que a ação educativa adquire unidade e elevação. Educação
sem pedagogia seria pura atividade mecânica, mera rotina. Pedagogia é a ciência
do espirito e está intimamente relacionada com filosofia, psicologia,
sociologia e outras disciplinas.
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“Educação
e Pedagogia estão como prática para teoria, realidade para ideal, experiência
para pensamento, não como entidades independentes, mas fundidas em unidade
indivisível, como o anverso e o reverso da moeda.”
Ainda
que a educação seja elemento essencial e permanente da vida individual e
social, não se realizou sempre do mesmo modo, mas tem variado conforme as
necessidades e aspirações de cada povo e de cada época.
Se a
educação tem a sua história, a pedagogia, sua porção teórica ou científica, igualmente
a tem. A história da Pedagogia está intimamente relacionada com as ciências do
espírito e, tal como a história delas, é relativamente recente. Ao passo que a
história da educação principia com a vida do homem e da sociedade, a da
pedagogia só começa com a reflexão filosófica, principalmente com Sócrates e
Platão (pensamento helênico).
A história
da educação e da Pedagogia está integrada por muitos fatores históricos
(culturais e sociais) dos quais os mais importantes são: a situação histórica
geral de cada povo e de sua época; o caráter da cultura (manifestações
espirituais – política ou religião, direito ou filosofia); a estrutura social: A
educação terá este ou aquele caráter, segundo as classes sociais, constituição
familial, a vida comunal e os grupos profissionais predominantes; a orientação
política; a vida econômica: a educação varia segundo a estrutura econômica,
posição geográfica, o tipo de produção.
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Quanto
a esses fatores históricos, eles devem ser ajuntados ao especificamente
educacionais e pedagógicos, que são: os ideais de educação; a concepção
estritamente pedagógica; a personalidade e a atuação dos grandes educadores; as
reformas das autoridades oficiais; as modificações das instituições e métodos
da educação.
Sempre
que se tem pretendido realizar mudança essencial na vida da sociedade ou do
Estado, tem-se apelado para a educação. O mesmo pode-se dizer da cultura. As grandes
conquistas da ciência, como as realizadas após a Renascença com Galileu e
Copérnico, com Bacon e Descartes, só estabilizam e estabelecem mediante a ação
educativa.
Sobre
as fases da história da educação, Luzuriaga (1990) salienta que a vida humana não
pode ser reduzida a esquemas simplistas. Todavia, tudo não se obstante,
podem-se distinguir na história da educação as seguintes fases principais:
FASE
|
CARACTERÍTICAS
|
Educação primitiva
|
Educação natural,
pois nela a influência espontânea, direta, predomina sobre a intencional. Nesta
fase, ainda não existem povos ou Estados, e sim apenas pequenos grupos
humanos dispersos na face da Terra.
|
Educação Oriental
|
Povos em que já
existem civilizações desenvolvidas, geralmente de caráter autocrático,
erudito e religioso. Destacam-se, o Egito, a Índia, Arábia, China e o povo
Hebreu.
|
Educação clássica
|
Começa a civilização
ocidental e que tem sobretudo caráter humano e cívico. Destacam-se Grécia e
Roma, que apresentam traços comuns.
|
Educação Medieval
|
Se desenvolve
essencialmente o cristianismo (século V ao XV).
|
Educação humanista
|
Renascimento. Século
XV. Retorno à cultura clássica; apresenta o surgir de uma nova forma de vida,
baseada na natureza, na arte e na ciência.
|
Educação cristã reformada
|
Século XVI. Período da
reforma religiosa. Ocasiona o nascimento das confissões protestantes e a
reforma da igreja católica.
|
Educação realista
|
Começa no século XVII
e se desenvolve até os nossos dias. Iniciam propriamente os métodos da
educação moderna, baseados nos da filosofia e ciências novas (Galileu,
Copérnico, Newton e Descartes).
|
Educação racionalista e naturalista
|
Século XVIII.
Caracterizada pela “ilustração”, ou seja, movimento cultural iniciado na
Renascença. É o século de Rousseau e Condorget, em cujo final começa o
movimento idealista na pedagogia.
|
Educação nacional
|
Século XIX. Promove intervenção
cada vez maior do Estado na educação, formação de consciência nacional,
patriótica, em todo o mundo civilizado e estabelecimento da escola primária
universal, gratuita e obrigatória.
|
Educação democrática
|
Século XX. Faz da livre personalidade humana
o eixo das atividades, independentemente de posição econômica e social, e
proporciona a maior educação possível ao maior numero possível de indivíduos.
|
Fonte:
Luzuriaga (1990) (1990), adaptado.
O
estudo da história da educação e da pedagogia é imprescindível ao conhecimento
da educação atual, pois esta é um produto histórico e, não, invenção exclusiva
de nosso tempo.
A história
da educação não estuda o passado pelo passado, tal coisa morta. Sobre esse
aspecto, Dewey afirma que “o passado como passado não é o nosso objetivo. Se fosse
completamente passado, não haveria mais que uma atitude razoável: deixar que os
mortos enterrassem os mortos. Mas o conhecimento do passado é a chave para
entender o presente.”
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No mesmo
sentido, Karl Jasper diz que “é a história que nos abre mais vasto horizonte,
que nos transmite os valores tradicionais capazes de nos fundamentar na vida.
Liberta-nos do estado de dependência em que nos achamos, inscientes disso em
relação a nossa época e nos ensina a ver as possibilidades, mais elevadas e as
criações inesquecíveis do homem... nossa experiência atual, melhor a
compreendemos no espelho da história e o que nos transmite adquire vida à luz
de nosso tempo. Nossa vida prossegue, enquanto o passado e o presente não
deixam de iluminar-se reciprocamente”.
O estudo
da história da educação constitui excelente meio de melhorar a educação atual,
porque nos informa das dificuldades que as reformas da educação têm encontrado,
dos perigos das ideias utópicas, irrealizáveis, e das resistências anacrônicas,
reacionárias, que a educação tem experimentado.
Sobre
o valor da história da educação, Spranger defende que “a história da educação é
antes, quando devidamente cultivada, quem dá aquela amplitude, aquela clareza e
aquela elevação da consciência cultural sem as quais a educação não passaria de
ofício muito estreito. Não pode reunir unicamente opiniões estranhas e organizações
escolares de épocas extintas, senão que lhe cumpre ser autenticamente história
da cultura.
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Sugestões
de leitura apresentadas pelo autor sobre a temática:
Obras religiosas fundamentais:
·
Vedas da Índia;
·
Livros de Buda e de Confúncio;
·
O Antigo e Novo testamento, o Alcorão e o
Talmud;
·
Obras de Santo Agostinho e de Santo Tomás, de
Santa Teresa e de São João da Cruz, de
Lutero e de Calvino, de Pascal e de Kierkegaard;
Obras literárias clássicas:
·
Mahabarata;
·
Romayana;
·
Ilíada e odisseia;
·
A divina comédia;
·
D. Quixote;
·
As obras
de Shakespeare e de Goethe, de Molière e de Lope de Vega.
Obras mestras de pensamento universal:
·
República e os Diálogos, de Platão;
·
A ética e a politica, de Aristóteles;
·
A cidade de Deus, de Santo Agostinho;
·
Os ensaios de Montaigne;
·
O discurso do método, de Descartes;
·
A critica da razão pratica, de Kant;
·
Sobre a liberdade, de Stuart Mill;
·
Origem da espécies, de Darwin;
·
O capital, de Karl Max;
·
Assim falava Zaratustra, de Nietzsche;
·
A evolução criadora, de Bergson.
Obras fundamentais da Pedagogia:
·
Educação do orador, de Quintiliano;
·
Tratado do ensino, de Vives
·
Didática Magna, de Comenius;
·
Emilio, de Rousseau;
·
Como Gertrudes instrui a seus filhos, de
Pestalozzi;
·
Pedagogia geral, de Herbart;
·
A educação do homem, de Froebel;
·
Democracia e educação, de Dewey.
Biografias e autobiografias:
·
Vidas paralelas, de Plutarco;
·
As confissões de Santo Agostinho;
·
As confissões de Rousseau;
·
O canto do cisne de Pestalozzi;
·
Poesia e realidade, de Goethe;
·
A autobiografia de Stuart Mill;
·
História da minha vida, da surda-muda-cega Helen
Keller.
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Abraço,
Jeiane Costa.
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LUZURIAGA,
Lorenzo. A história da educação e da pedagogia. 18 edição. São Paulo: Editora
Nacional, 1990. (Páginas 01 a 10).
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