terça-feira, 16 de outubro de 2018

Para LER e CONHECER: #Breve história da EDUCAÇÃO e da PEDAGOGIA na visão de Luzuriaga.



Olá pessoas queridas!

A educação, com efeito, não é algo isolado, abstrato, mas está relacionada estreitamente com a sociedade e cultura de cada época. Estas produzem ideais e tipos humanos que a educação trata de realizar”.
Luzuriaga (1990)


Ao falar sobre o valor humano da história, Dilthey afirma que “Só a história nos diz o que o homem é. É inútil, como fazem alguns, desprender-se de todo o passado para recomeçar a vida sem qualquer preconceito. Não é possível desprender-se do que foi; os deuses do passado se convertem em fantasmas. A melodia de nossa vida traz o acompanhamento do passado. O homem se livra do tormento e da fugacidade de toda alegria, mediante dedicação aos grandes poderes objetivos criados pela história”.

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Luzuriaga (1990) comenta que a história da educação é parte da história da cultura, tal como esta, por sua vez, é parte da história geral. Para o citado autor não é fácil definir a história, visto que a mesma apresenta muitas interpretações. A história é o estudo da realidade humana ao longo do tempo. Além disso, a história da cultura se refere antes aos produtos da mente humana, tais como se manifesta na arte, técnica, ciência, moral ou na religião e em suas instituições correspondentes. A educação é uma dessas manifestações culturais; e também tem a sua história.

Educação é a influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o propósito de forma-lo e desenvolve-lo. Mas significa também a ação genérica, ampla, de uma sociedade sobre as gerações jovens, com o fim de conservar e transmitir a existência coletiva. A educação é essencial na vida do homem e da sociedade, e existe desde quando há seres humanos sobre a terra.

Sem educação não seria possível aquisição e transmissão da cultura, pois pela educação é que a cultura sobrevive no espírito humano. Cultura sem educação seria cultura morta. Uma das funções da educação é fazer sobreviver a cultura através dos séculos.

A Pedagogia, por sua vez, é compreendida como a reflexão sistemática sobre educação. Pedagogia é a ciência da educação. Em outras palavras, por ela é que a ação educativa adquire unidade e elevação. Educação sem pedagogia seria pura atividade mecânica, mera rotina. Pedagogia é a ciência do espirito e está intimamente relacionada com filosofia, psicologia, sociologia e outras disciplinas.


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“Educação e Pedagogia estão como prática para teoria, realidade para ideal, experiência para pensamento, não como entidades independentes, mas fundidas em unidade indivisível, como o anverso e o reverso da moeda.”

Ainda que a educação seja elemento essencial e permanente da vida individual e social, não se realizou sempre do mesmo modo, mas tem variado conforme as necessidades e aspirações de cada povo e de cada época.

Se a educação tem a sua história, a pedagogia, sua porção teórica ou científica, igualmente a tem. A história da Pedagogia está intimamente relacionada com as ciências do espírito e, tal como a história delas, é relativamente recente. Ao passo que a história da educação principia com a vida do homem e da sociedade, a da pedagogia só começa com a reflexão filosófica, principalmente com Sócrates e Platão (pensamento helênico).

A história da educação e da Pedagogia está integrada por muitos fatores históricos (culturais e sociais) dos quais os mais importantes são: a situação histórica geral de cada povo e de sua época; o caráter da cultura (manifestações espirituais – política ou religião, direito ou filosofia); a estrutura social: A educação terá este ou aquele caráter, segundo as classes sociais, constituição familial, a vida comunal e os grupos profissionais predominantes; a orientação política; a vida econômica: a educação varia segundo a estrutura econômica, posição geográfica, o tipo de produção.

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Quanto a esses fatores históricos, eles devem ser ajuntados ao especificamente educacionais e pedagógicos, que são: os ideais de educação; a concepção estritamente pedagógica; a personalidade e a atuação dos grandes educadores; as reformas das autoridades oficiais; as modificações das instituições e métodos da educação.

Sempre que se tem pretendido realizar mudança essencial na vida da sociedade ou do Estado, tem-se apelado para a educação. O mesmo pode-se dizer da cultura. As grandes conquistas da ciência, como as realizadas após a Renascença com Galileu e Copérnico, com Bacon e Descartes, só estabilizam e estabelecem mediante a ação educativa.

Sobre as fases da história da educação, Luzuriaga (1990) salienta que a vida humana não pode ser reduzida a esquemas simplistas. Todavia, tudo não se obstante, podem-se distinguir na história da educação as seguintes fases principais:


FASE
CARACTERÍTICAS
Educação primitiva
Educação natural, pois nela a influência espontânea, direta, predomina sobre a intencional. Nesta fase, ainda não existem povos ou Estados, e sim apenas pequenos grupos humanos dispersos na face da Terra.
Educação Oriental
Povos em que já existem civilizações desenvolvidas, geralmente de caráter autocrático, erudito e religioso. Destacam-se, o Egito, a Índia, Arábia, China e o povo Hebreu.
Educação clássica
Começa a civilização ocidental e que tem sobretudo caráter humano e cívico. Destacam-se Grécia e Roma, que apresentam traços comuns.
Educação Medieval
Se desenvolve essencialmente o cristianismo (século V ao XV).
Educação humanista
Renascimento. Século XV. Retorno à cultura clássica; apresenta o surgir de uma nova forma de vida, baseada na natureza, na arte e na ciência.
Educação cristã reformada
Século XVI. Período da reforma religiosa. Ocasiona o nascimento das confissões protestantes e a reforma da igreja católica.
Educação realista
Começa no século XVII e se desenvolve até os nossos dias. Iniciam propriamente os métodos da educação moderna, baseados nos da filosofia e ciências novas (Galileu, Copérnico, Newton e Descartes).
Educação racionalista e naturalista
Século XVIII. Caracterizada pela “ilustração”, ou seja, movimento cultural iniciado na Renascença. É o século de Rousseau e Condorget, em cujo final começa o movimento idealista na pedagogia.
Educação nacional
Século XIX. Promove intervenção cada vez maior do Estado na educação, formação de consciência nacional, patriótica, em todo o mundo civilizado e estabelecimento da escola primária universal, gratuita e obrigatória.
Educação democrática
 Século XX. Faz da livre personalidade humana o eixo das atividades, independentemente de posição econômica e social, e proporciona a maior educação possível ao maior numero possível de indivíduos.
Fonte: Luzuriaga (1990) (1990), adaptado.


O estudo da história da educação e da pedagogia é imprescindível ao conhecimento da educação atual, pois esta é um produto histórico e, não, invenção exclusiva de nosso tempo.

A história da educação não estuda o passado pelo passado, tal coisa morta. Sobre esse aspecto, Dewey afirma que “o passado como passado não é o nosso objetivo. Se fosse completamente passado, não haveria mais que uma atitude razoável: deixar que os mortos enterrassem os mortos. Mas o conhecimento do passado é a chave para entender o presente.”

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No mesmo sentido, Karl Jasper diz que “é a história que nos abre mais vasto horizonte, que nos transmite os valores tradicionais capazes de nos fundamentar na vida. Liberta-nos do estado de dependência em que nos achamos, inscientes disso em relação a nossa época e nos ensina a ver as possibilidades, mais elevadas e as criações inesquecíveis do homem... nossa experiência atual, melhor a compreendemos no espelho da história e o que nos transmite adquire vida à luz de nosso tempo. Nossa vida prossegue, enquanto o passado e o presente não deixam de iluminar-se reciprocamente”.

O estudo da história da educação constitui excelente meio de melhorar a educação atual, porque nos informa das dificuldades que as reformas da educação têm encontrado, dos perigos das ideias utópicas, irrealizáveis, e das resistências anacrônicas, reacionárias, que a educação tem experimentado.

Sobre o valor da história da educação, Spranger defende que “a história da educação é antes, quando devidamente cultivada, quem dá aquela amplitude, aquela clareza e aquela elevação da consciência cultural sem as quais a educação não passaria de ofício muito estreito. Não pode reunir unicamente opiniões estranhas e organizações escolares de épocas extintas, senão que lhe cumpre ser autenticamente história da cultura.


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Sugestões de leitura apresentadas pelo autor sobre a temática:

Obras religiosas fundamentais:
·         Vedas da Índia;
·         Livros de Buda e de Confúncio;
·         O Antigo e Novo testamento, o Alcorão e o Talmud;
·         Obras de Santo Agostinho e de Santo Tomás, de Santa Teresa e de São João da  Cruz, de Lutero e de Calvino, de Pascal e de Kierkegaard;

Obras literárias clássicas:
·         Mahabarata;
·          Romayana;
·          Ilíada e odisseia;
·         A divina comédia;
·         D. Quixote;
·          As obras de Shakespeare e de Goethe, de Molière e de Lope de Vega.

Obras mestras de pensamento universal:
·         República e os Diálogos, de Platão;
·         A ética e a politica, de Aristóteles;
·         A cidade de Deus, de Santo Agostinho;
·         Os ensaios de Montaigne;
·         O discurso do método, de Descartes;
·         A critica da razão pratica, de Kant;
·         Sobre a liberdade, de Stuart Mill;
·         Origem da espécies, de Darwin;
·         O capital, de Karl Max;
·         Assim falava Zaratustra, de Nietzsche;
·         A evolução criadora, de Bergson.

Obras fundamentais da Pedagogia:
·         Educação do orador, de Quintiliano;
·         Tratado do ensino, de Vives
·         Didática Magna, de Comenius;
·         Emilio, de Rousseau;
·         Como Gertrudes instrui a seus filhos, de Pestalozzi;
·         Pedagogia geral, de Herbart;
·         A educação do homem, de Froebel;
·         Democracia e educação, de Dewey.

Biografias e autobiografias:
·         Vidas paralelas, de Plutarco;
·         As confissões de Santo Agostinho;
·         As confissões de Rousseau;
·         O canto do cisne de Pestalozzi;
·         Poesia e realidade, de Goethe;
·         A autobiografia de Stuart Mill;
·         História da minha vida, da surda-muda-cega Helen Keller.

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LUZURIAGA, Lorenzo. A história da educação e da pedagogia. 18 edição. São Paulo: Editora Nacional, 1990. (Páginas 01 a 10).


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