(Botomé; Nogueira)
A
ideia de Universidade vem mudando ao longo do tempo: no passado, a universidade
tinha cunho filosófico, pensamento crítico e envolvimento com a pesquisa. Esse entendimento
estava associado à ideia de atender a sociedade. No contexto atual, está
dissociado da ideia de atender o mercado.
Hoje,
no Brasil, é compreendido pelas universidades que há um elo entre o
ensino-pesquisa- extensão. É muito difícil desvincular esse tripé, visto que
isso caracteriza o ensino superior. Através desses meios a universidade amplia
a sua inserção social. A universidade
leva o conhecimento através do ensino; a pesquisa só existe pela sociedade – em
virtude de melhorar a sociedade; a extensão reduz as fronteiras por meio de
atividades que envolvem a comunidade, descentralizando o conhecimento e
levando-o ao maior número de pessoas possíveis.
Sobre
o processo de aplicação da extensão nas universidades brasileiras, Fagundes
(1985) afirma que a primeira instituição que iniciou o movimento extensionista
foi a Universidade Livre de São Paulo, entre 1911 e 1917, por meio de
conferências e semanas abertas, cujos temas eram voltados aos problemas sociais
e políticos da época.
As
práticas e conceitos de extensão foram sendo modificados ao longo do tempo.
Para Botomé (1996), essas mudanças ocorreram principalmente sob influência das
ideias de Paulo Freire, na época de criação da Coordenação de Atividades de
Extensão (CODAE).
Diferentemente de
países do primeiro mundo, no Brasil a pesquisa se faz essencialmente nas
universidades e centros de pesquisa. Os docentes pesquisadores normalmente
validam e testam ideias ou hipóteses, mas não é comum o desenvolvimento de
produtos ou serviços. Ou seja, o cientista deveria encontrar muito mais espaço
de trabalho nas empresas, e não buscar somente nas escolas espaços para seguir
uma carreira profissional.
Para Ebert, o Brasil
ainda adota uma postura passiva e prefere esperar a aquisição das tecnologias
emergentes. Isto é, não desenvolve e paga por aquilo que outros países
desenvolvem. Nossos cientistas estão entre os mais proeminentes, porém ainda
sem o prestígio que lhes deveria ser dado. Outros seguem carreira no exterior,
nas mais prestigiosas empresas e universidades. Enquanto isso, nadamos contra a
maré, em total desvantagem na corrida do desenvolvimento.
Conforme (BRASIL,
2010) a
maior parte dos pesquisadores brasileiros está nas instituições de Ensino
Superior – 67,5% do total em 2010 –, enquanto nas empresas a proporção é de
apenas 26,2%, bastante abaixo dos índices de Estados Unidos, Coreia, Japão,
China, Alemanha, França e Rússia.
Para o documento
Balanço das Atividades Estruturantes 2011 (MCTI), essa situação é uma das
causas da dissociação entre o avanço científico e a incorporação da inovação
tecnológica à base produtiva, especialmente na indústria do Brasil.
De acordo com o
presidente do CNPq, Glaucius Oliva, uma pesquisa feita em 2008 com todos os
doutores brasileiros formados entre 1996 e 2006 revelou que quase 80 mil deles
estavam no Brasil, 97% empregados. Desse total, 80% atuavam no setor
educacional. Outros 11% estavam na administração pública e menos de 5% nas
empresas. Nos Estados Unidos, a proporção de doutores na indústria chega a 40%.
Exigências para
professores das universidades públicas do Brasil, como a dedicação exclusiva ou
em tempo integral, foram consideradas como entraves à parceria com empresas e à
participação desses pesquisadores em projetos inovadores fora do ambiente das
universidades. Além disso, a excessiva regulamentação, a falta de autonomia das
universidades para firmar parcerias com a indústria e dispor do tempo dos
professores e dos recursos completam o cenário inóspito para a pesquisa traçado
pelos participantes do seminário.
Glaucius Oliva
cita o exemplo norte-americano: “O professor universitário nos Estados Unidos
pode abrir uma empresa no seu departamento, sem que esteja violando a
legislação do tempo integral e educação exclusiva. No Brasil não pode. Se abrir
uma empresa, pode ser processado, porque está violando o tempo integral e você
é um funcionário público”. “Nos Estados Unidos, um projeto entre uma empresa e
uma universidade não passa pelo governo. Tem que ser feito dentro das linhas
oficiais, mas não existe controle governamental sobre o que a indústria pode ou
não fazer com a universidade.
Ebert explica que
no Brasil, algumas agências de fomento à pesquisa atuam de forma expressiva.
Normalmente, essas autarquias provêm recursos para que os pesquisadores, seja
na indústria, ou ainda nas universidades, possam dar continuidade a suas
pesquisas. Normalmente, a cada ano, os editais são lançados, e os cientistas
precisam disputar parte dos recursos disponibilizados pelo governo federal. É o
caso do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ),
que todos os anos disponibiliza recursos para diversas modalidades de pesquisa,
seja para acadêmicos ou pesquisadores seniores.
Imagem 3
O grande problema
ainda é a dependência dos recursos públicos. Para o citado autor, se houvesse
maior integração entre os setores público e privado, as chances de caminharmos
a passos mais largos seria maior. A dependência de aporte de recursos
financeiros somente dos recursos públicos diminuiria e o desenvolvimento de
produtos e processos pensados à necessidade das empresas alcançaria patamares
expressivos.
Fora o CNPQ,
outras instituições financiam projetos. Não somente públicas, obviamente. Nos
dias atuais é mais comum termos convênio entre empresas e universidades, para a
prestação de serviços ou desenvolvimento de projetos com alguma necessidade
específica, mas ainda longe do ideal.
Fundações sem fins
lucrativos e de diversas naturezas oportunizam a pesquisadores premiações
distintas ou ainda valores significativos na busca de incentivar a pesquisa nos
campos experimental e teórico.
Outras autarquias
públicas são as Fundações de Amparo à Pesquisa Estaduais (FAPESC, FAPESP etc.),
ou ainda, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Bolsas de pesquisa
também são mais comuns entre professores-pesquisadores, e se comprovadas
experiências na sua produtividade científica, recebem recursos para
continuidade da pesquisa.
A Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) também auxilia professores
do Ensino Superior a realizarem seus trabalhos, seja com aporte de insumos
financeiros e/ou bolsas para mestrado e doutorado. Em alguns casos essas bolsas
levam o cientista para outros países, a fim de compartilhar experiências e
fomentar o intercâmbio e desenvolvimento de uma área específica desses países.
Nota-se que apesar
de haver certo desenvolvimento quanto à produção científica no Brasil, isto é,
publicação de artigos em revistas científicas, é necessário que ocorra muitas
mudanças nesse cenário, e uma delas é a valorização das ideias originadas em
nosso país.
O Brasil precisa
perceber a necessidade de investir cada vez mais em pesquisa e desenvolvimento,
e também, não depender única e exclusivamente de tecnologias importadas a um
custo bem alto.
Em suma, acredita-se
que para que as instituições de ensino superior brasileiras desempenhem seu
papel de modo mais eficiente, é preciso que elas ofertem as premissas básicas
de ensino superior, pautadas no ensino, pesquisa e extensão, visando
desenvolver além de profissionais, pesquisadores, visto que através de pesquisa
obtém-se a ampliação de conhecimento, e assim, o desenvolvimento do país.
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Abraço,
Jeiane Costa.
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EBERT, Luis Augusto. Perspectivas profissionais. Indaial: UNIASSELVI, 2017.
EBERT, Luis Augusto. Metodologia da pesquisa. Indaial: UNIASSELVI, 2017
BRASIL, 2010. Universidade: doutores que não chegam às empresas e à pesquisa na indústria do
Brasil. Disponível em: <www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/inovacao/universidade-doutores-empresas-pesquisa-na-industria-do-brasil.aspx> acesso 25 ago 2018
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