segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Para CONHECER: #A cidade de São Luís como Patrimônio Histórico





A MÁGICA DE SÃO LUÍS

Oh! Ilha querida
Das lendas e sobradões;
Da Mãe D’água, Currupiras,
Saci-pererê, Mula-sem-cabeça,
Mexendo com as emoções.
Das festas do Divino, danças de
São Gonçalo, Lelê, São Benedito,
Com o tambor de crioula.
Do urro do bumba-meu-boi.
Upaon-Açu, dos guerreiros, das
vitórias seculares, do milagre
da transformação da areia em pólvora...

são Luís, Atenas Brasileira.
Ilha do Amor
Capital Timbira,
Terra altaneira,
De grande fulgor.
São Luís do manuê, da canjica,
Da tiquira, da gengibirra...

Das ruas da Palma, Veado, Prazeres,
Do Sol, da Manga, Trapiche, Coqueiros.
Teus becos têm história.
Como as da  Lapa, do Couto,
Do Burro, de tantas memórias.
Das fontes que guardam segredos,
A do Ribeirão, das Pedras, do Bispo.
Da serpente monstruosa,
Ou das águas límpidas que matam as sedes.
São Luís dos 44 graus, 18 minutos ao Oeste
De Greenwich,
Dos dois graus, 32 minutos ao sul do Equador,
Não a Jamaica Brasileira
Mas a São Luís terra de gente guerreira...
Eterna “Ilha do Amor”.

>>COELHO, Carlos Alberto Lima.



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As palavras do poeta acima demonstram o carinho e orgulho de quem é ludovicense e conhece a incrível história da cidade. São Luís comemorou 406 anos no dia 08 de setembro desse ano. A sua riqueza histórica é fascinante: Invadida por franceses em 1612, disputada por holandeses e, finalmente retomada pelos portugueses.

Sobre esse aspecto, a culinarista maranhense Zelinda Lima, em sua obra "Pecados da Gula", afirma que o São Luís foi "descoberta"  várias vezes. Por espanhóis, portugueses, franceses, holandeses... Para não falar em fenícios, cartagineses e egípcios. A colonização portuguesa começou com 500 soldados, funcionários administrativos e mulheres sob as ordens de Jerônimo de Albuquerque".

A cidade de São Luís (518 km2) ocupa a parte oeste da ilha de São Luís (905 km2), separada do continente pelo estreito dos Mosquitos (largura máxima: 150 metros), está situada entre as baias de São Marcos e de São José, que constituem o Golfão Maranhense. 

Conforme o IBGE, a população ludovicense no ano de 2018 é de 1.014.837 pessoas.


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A presença de brancos, índios e negros ao longo da história trouxe um legado cultural pela beleza única e marcante na cidade. No ano de 1997, a UNESCO reconheceu a importância desse patrimônio e houve o tombamento da cidade como Patrimônio Histórico.

De acordo com Cecília Londres “Patrimônio é tudo o que criamos, valorizamos e queremos preservar: são os monumentos e obras de arte, e também as festas, músicas e danças, os folguedos e as comidas, os saberes, fazeres e falares. Tudo enfim que produzimos com as mãos, as ideias e a fantasia”.
  
Dentro desse contexto, São Luís possui bens culturais materiais (também chamados de tangíveis) são paisagens naturais, objetos, edifícios, monumentos e documentos e bens culturais imateriais estão relacionados aos saberes, às habilidades, às crenças, às práticas, aos modos de ser das pessoas. 

O Iphan trata de preservar o patrimônio cultural tanto de natureza material quanto imaterial. Dentro do Iphan, o Departamento do Patrimônio Imaterial, como já diz seu próprio nome, cuida da preservação dos bens culturais de natureza imaterial. Na preservação deste tipo de bem cultural importa cuidar dos processos e práticas, importa valorizar os saberes e os conhecimentos das pessoas.


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O Dossiê (UNESCO) descreve que o Centro Histórico de São Luís se estende por 79 hectares, reunindo cerca de 1.500 imóveis. É limitado pelo mar, pelas embocaduras dos rios Anil e Bacanga e pelo resto da cidade na sua área estadual tombada (141 hectares) não incluída no perímetro delimitado, que constitui uma zona tampão. A parte situada a oeste das ruas do Egito e Formosa constitui a parte mais antiga e a mais homogênea. Na parte da planície que avança no mar, encontra-se o núcleo da cidade, com o Palácio dos Leões (no local da fortaleza francesa), o Palácio La Ravardière (Prefeitura), a catedral e o antigo colégio dos jesuítas. A parte baixa, antiga Praia Grande transformada no final do século XVIII em porto, foi quase inteiramente restaurada em 1981-1982 e 1987-1989. A parte situada a leste da Rua do Egito é menos homogênea quanto à arquitetura (variações “equatoriais” dos estilos art-nouveau, art-deco sobre o tema neoclássico), mas respeita os traçados e a volumetria herdados do Plano de 1615.

Além disso, o Dossiê explica que o tombamento como monumento histórico federal e estadual protege o conjunto do centro histórico. A restauração e a revitalização são coordenadas pela Coordenadoria do Patrimônio Cultural (Diretoria do Patrimônio Cultural) e pelo Departamento de Projetos Especiais que é vinculado à Coordenadoria.

A área proposta para o reconhecimento da UNESCO corresponde ao Centro Histórico de São Luís stricto sensu, tal como se desenvolveu e se estabilizou entre 1615 e 1850, seguindo exatamente o plano regulador de 1615.


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Motivos pelos quais o São Luís é considerado como um bem cultural:

1. O Centro de São Luís é um exemplo excepcional de um tipo de arquitetura (colonial e pós-colonial) que utilizou dois modelos europeus (arquitetura “tradicional” portuguesa e neoclássica) e os adaptou ao clima equatorial e um exemplo excepcional de um momento chave da criação do Brasil (arquitetura e urbanismo da primeira metade do século XIX).

2. São Luís é a única cidade do mundo situada na proximidade imediata do equador (cf. Singapura, Libreville, Nairobi) que constitui um verdadeiro sucesso urbano antigo. Apenas Quito pode ser-lhe comparada, mas esta se encontra nas alturas dos Andes, enquanto São Luís está no nível do mar.

3. Conjunto frágil como todos os conjuntos urbanos que permanecem vivos e, portanto, submetidos à evolução das condições socioeconômicas. 




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                                                                                                                                                             jeianecosta.novel@outlook.com
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Você também pode gostar de ler:









Créditos especiais:
LIMA, Zelinda machado de Castro. Pecados da gula: comeres e beberes das gentes do Maranhão. 2ª edição. São Luis: Instituto Geia, 2012
Guia de Turistico de Sâo Luis. (Governo do Estado do Maranhão) Março de 2001 
Site do IBGE. Disponível em:<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ma/sao-luis/panorama>Acesoo 17 set 2018
DOSSIE UNESCO Proposta de Inclusão do Centro Histórico de São Luís na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO. Disponível em:<http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Dossie%20SAO%20LUIS_pt.pdf> acesso, 17 set 2018
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Patrimônio Cultural Imaterial : para saber mais / Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ; texto e revisão de, Natália Guerra Brayner. -- 3. ed. -- Brasília, DF : Iphan, 2012. Disponivel em<http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/cartilha_1__parasabermais_web.pdf> acesso 17 set 2018
Ilustração - Jeiane Costa
Imagem 1 - Guia de Turistico de Sâo Luis. (Governo do Estado do Maranhão) Março de 2001 
Imagem 2 a 3 - Ilustração por Jeiane Costa









sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Para CONHECER: # ESPECIAL: Sobre a Independência do Brasil (1822)




Olá pessoas queridas!

Lembrai, lembrai do sete de setembro
a independência do Brasil e o maior protesto da história do Brasil
Por isso não vejo como esquecer
que venha esta data em todos os anos
nós tornamos independentes.

Paulo Vinicius



Em 1799, com o fim da Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte iniciou um período onde ele próprio se colocava como o grande dono do poder, intitulando-se, em 1804, de Imperador.

Com o intuito de destruir a Inglaterra, ele decretou o Bloqueio Continental em 1806, pelo qual proibia as nações europeias de fazer comércio com aquele país. Portugal, todavia, que tinha uma estreita vinculação com a Inglaterra, manteve contato com os ingleses forçando as forças napoleônicas a invadir a península ibérica.

No dia 08 de Março de 1808 a família real portuguesa migrou para o Brasil, fugindo das guerras napoleônicas.

Em 1815, foi criado o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, prenunciando o fim da condição colonial. Sobre esse aspecto, Del Priore (2016) afirma que apesar desse acontecimento, o Brasil continuava mal unificado internamente: “a corte carioca mantinha um controle rígido sobre as capitanias, sobrecarregando-as com encargos fiscais e monopólios. Os colonos, por sua vez, reagiam ao governo do Rio de Janeiro, acumulavam-se criticas aos novos dominadores”.

Após o fim das guerras napoleônicas, a queda do preço do açúcar e do algodão só multiplicou tensões. O aumento de impostos para custear a intervenção militar que valeu a incorporação do Uruguai ao Brasil, como província Cisplatina, contribuiu para o processo de emancipação.


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A Revolução Liberal do Porto, movimento organizado por políticos liberais e militares portugueses (24 de agosto de 1820) - contou também com a participação de integrantes do clero, da nobreza e de pessoas do povo - voltado para a convocação de uma assembleia constituinte, exigia o retorno imediato de d. João à metrópole. O rei voltou ao Reino e aqui deixou como regente o seu filho d. Pedro.

A pressão metropolitana voltou-se para o regente: em 21 de setembro de 1821, um decreto determinava o seu retorno imediato.

D. Pedro resistiu e, em 19 de janeiro de 1822, não acatou ordens no sentido de voltar ao Velho Mundo e declarou: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto: diga ao povo que fico.” Esta efeméride é conhecida como o “Dia do Fico” e para muitos correspondeu a uma verdadeira separação entre Brasil e Portugal.

Em 09 de setembro de 1822, tornou pública sua determinação de permanecer no Brasil, com palavras precisas: “convencido de que a presença de minha pessoa no Brasil interessa ao bem de toda a nação portuguesa, e convencido de que a vontade de algumas províncias assim o requer, demorarei a minha saída até que as Cortes de meu augusto pai deliberem a este respeito, com perfeito conhecimento das circunstâncias que têm ocorrido”.

No mesmo mês, a metrópole nivelou o Rio de Janeiro à condição das demais províncias. O regente revidou e expulsou as tropas lusitanas do Rio de Janeiro. As duas cortes disputaram o poder até que, em setembro de 1822, d. Pedro rompeu com a pátria-mãe, sagrando-se imperador em 12 de outubro do mesmo ano.


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Del Priore (2016) afirma que nenhum jornal da época fez menção ao 07 de setembro: Em cartas aos paulistas, datada do dia 08, o príncipe fala apenas sobre a necessidade de voltar ao Rio de Janeiro em funções de noticias recebidas de Portugal, sem qualquer menção à Proclamação da independência. Em carta dirigida ao pai, em 22 de setembro, não menciona o evento.

Dessa forma, “o grito no Ipiranga” só começou a ganhar força a partir de 1826, com a publicação do testemunho do padre Belchior Pinheiro Ferreira incluindo a data de 07 de setembro no calendário das festividades de independência.

Antes de completados três anos, com a mediação de Inglaterra, no dia 29 de agosto de 1825, no Rio de Janeiro, Portugal reconheceu a independência do Brasil.

Ao emancipar-se de Portugal, pouco se alterou no Brasil. Podemos dizer, basicamente, que o país ganhava autonomia política-administrativa e livre comércio, porém, suas estruturas socioeconômicas permaneciam inalteradas.

Del Priore (2016) explica que d. Pedro criou o “poder moderador”, através do qual se reservava, entre outras prerrogativas, o direito de nomear senadores, dissolver assembleias legislativas, sancionar decretos, suspender magistrados e indicar presidentes de província. Em suma: d. Pedro poderia fazer o que quisesse!

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Dessa foram, o Brasil manteve o regime monárquico (a única monarquia a se consolidar em nosso continente no pós-independência), não alterava sua economia agroexportadora, continuava privilegiando os latifundiários e mantinha a base da mão de obra na escravidão.
Em síntese, o Brasil fazia a independência sem transformar-se. A própria questão da unidade territorial chama a atenção: a América Espanhola fragmentou-se em diversos países (Argentina, Chile, Uruguai, México, Colômbia, etc), enquanto a América Portuguesa formava um único país, o Brasil.



Nota 1:


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Maria Leopoldina, então princesa regente do Brasil, esposa de d. Pedro teve grande importância no processo de separação do Brasil de Portugal, pois, por conta de uma ausência do marido – d. Pedro havia partido para tentar acabar com um conflito em São Paulo -, aconselhada por José Bonifácio de Andrada e Silva, assinou o decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal. Ela usou seus atributos de chefe interina do governo para fazer uma reunião com o Conselho de Estado, ocasião em que o documento foi assinado.


Após a assinatura do decreto, ela enviou uma carta a D. Pedro para que ele proclamasse a Independência do Brasil. O papel chegou a ele no dia 7 de setembro de 1822, quando D. Pedro proclamou o Brasil livre de Portugal, às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo.

Enquanto aguardava pelo retorno de D. Pedro, Leopoldina, governante interina de um Brasil já independente, idealizou a bandeira do país. Ela foi coroada imperatriz em 1 de dezembro de 1822, na cerimônia de coroação e sagração de D. Pedro I.

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Nota 2:
D. Pedro era músico e tentava promover o patriotismo dos brasileiros durante o processo de Independência. Conheça sobre a sua composição O Hino da Independência clicando AQUI.

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www.portalolhardinamico.com.br



Você também pode gostar de ler:








Créditos especiais:
ALEIXO, José Carlos Brandi. O processo de independência do Brasil e suas relações com os países vizinhos. Disponível em:<http://flacso.org.br/files/2014/12/Padre_Aleixo.pdf>. Acesso 07 set 2018
DEL PRIORE, Mary. História da gente brasileira: volume 2: Império. São Paulo: Le Ya, 2016. p. 10-13.
FREITAS, Caio de. George Canning e o Brasil (Influência da diplomacia inglesa na formação do Brasil). São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1958. Ver, particularmente, o volume II, quinta parte, p. 169-426.
Maria Leopoldina assina o decreto da Independência do Brasil. Disponível em: <https://seuhistory.com/hoje-na-historia/maria-leopoldina-assina-o-decreto-da-independencia-do-brasil>.Acesso 07 set 2018
Prof. Bussunda. BRASIL COLÔNIA Independência do Brasil. Disponível em< https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/5407ba00edfc4.pdf> Acesso 07 set 2018
Revolução Liberal do Porto de 1820.Disponível em:< https://www.suapesquisa.com/historia/revolucao_liberal_porto.htm>acesso 07 set 2018
Imagem 1 disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_do_Brasil> acesso em 07 set 2018
Imagem 2 disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_do_Brasil> acesso em 07 set 2018
Imagem 3 disponível em:<https://rioantigo-imagensehistorias.blogspot.com/2016/06/rio-de-janeiro-1850-largo-do-paco.html>acesso em 07 set 2018
Imagem 4 disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_I_do_Brasil> acesso em 07 set 2018
Imagem 5 disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Leopoldina_de_%C3%81ustria>acesso em 07 set 2018
Imagem 6 disponível em:<http://www.monarquia.org.br/bandeirashistoricas.html>acesso em 07 set 2018



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