quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Sobre o amor: # Conto 6 - Nesse dia



10 de agosto de 2011

Era noite. Tudo começou com uma pequena apresentação rápida na porta de sua casa. Meu primo estava se preparando para uma viagem rápida ao interior e havia combinado de encontrar seu melhor amigo, que por sua vez havia prometido emprestar-lhe uma mochila. Eu juro que não queria ir, - sempre fui atrapalhada a esses tipos de encontros - mas devido a sua teimosa insistência, acabei cedendo ao seu pedido.
- Gabriel, finalmente você chegou! Eu já estava de saída. Sabe como é, né? Sair com a namorada... – disse, o rapaz com um sorriso resplandecente entregando ao meu primo o objeto
- Ahh... obrigado por esperar – respondeu, ele satisfeito com a atitude heroica do amigo – essa mochila vai ajudar bastantinho! - como se houvesse se lembrado de algo, ele continuou - ah! Vou só te apresentar minha prima. - Laís, esse é meu amigo Pedro... Pedro, conheça a minha prima Laís.
- Prazer! – dissemos, uníssonos meio a um aperto de mão sem-graça.
Logo, voltei para casa e o tempo tratou de apagar essa memória.


10 de agosto de 2012

Era manhã. Eu estava aflita com o prazo de entrega de um trabalho da universidade. Meu colega enviara um recado solicitando que eu abrisse a minha rede social com urgência para facilitar a comunicação entre a equipe. Ao abrir a caixa de entrada, meus olhos quase saltaram da órbita quando li uma mensagem que eu não esperava:
“Olá Laís, tudo joia? Se recordas de mim? Sou Pedro, aquele rapaz que você foi apresentada na porta de minha casa. Podes me adicionar aos teus contatos? Abraço”


10 de agosto de 2013

Era tarde. Eu estava usando o meu vestido de algodão e uma tiara de flores nos cabelos. No meu MP4 estava tocando a nossa música - “amor puro” de Djavan. Minha alma transbordava felicidade. Nunca pensei que aquele simples encontro dois anos atrás mudaria a minha vida para sempre. Pela primeira vez alguém conseguira se conectar ao meu mundo particular. Tudo que dizia respeito a ele transpirava a mais pura perfeição: nosso primeiro encontro após aquela mensagem, nosso primeiro beijo, nossas conversas ao telefone... Tudo acontecia segundo a analogia que ele fizera: “o amor é como um delicioso bolo de chocolate, devemos experimentar de seu sabor diariamente na medida certa, compartilhando pequenas fatias”.


10 de agosto de 2014  

Sinto como se eu estivesse entrado em um jardim florido. O jardineiro havia colhido a rosa mais linda e perfumada que havia e me oferecido como presente. No entanto, ao segura-la, o espinho rasgou minha carne.
É meio-dia. Havia três dias que não nos falávamos por um motivo que eu ainda não conseguia entender. Eu estou na fila para o almoço no restaurante da universidade quando o meu telefone toca. O display prontamente anuncia que é ele. A adrenalina me invade de tal forma que meu coração imediatamente começa a dançar um novo ritmo. Sinto uma gota de suor se formar em minha nuca.
- Alô? – Disse, insegura segurando o celular com uma força exagerada
- Você não me telefonou esses últimos dias... – responde, ele como se estivesse buscando uma maneira para iniciar algum discurso ensaiado milhares de vezes em frente ao espelho
Deixo escapar um suspiro.
- Estávamos conversando numa boa Pedro, e por alguma razão sabe-se lá Deus o porquê você desligou o telefone na minha cara. Você... – gaguejei – você ainda me pergunta o porquê não retornei à ligação? Imaginei que no mínimo você precisava de espaço!
- Espaço... – repetiu, ele como se absorvesse minhas palavras – sabe, Laís... eu estava pensando que precisamos dar um tempo em nosso relacionamento...


10 de agosto de 2015

É sexta-feira à noite. Estou ouvindo a última música que ele me deu “vento no litoral” da Legião urbana. Meus amigos estão se divertindo, mas eu não sinto a menor vontade de sair. Ao meu lado está minha caixa repleta de nossas memórias: um ímã de geladeira (sim! O primeiro presente que ele me deu foi um ímã de geladeira em formato de uma casa colonial), cartas, fotografias, presentes, livros, cd’s com músicas selecionadas... e um monte de lenço encharcado por lágrimas idiotas que insistem em escorrer...
Apesar de todo esse tempo, o meu coração ainda sangra por ele.  Eu ainda o amo. Na noite passada, eu tive um sonho em que ele voltava para mim. Ele dizia meio a um sorriso enquanto me aninhava entre seus braços: “eu voltei para você!”. Meu sorriso era o mesmo de dois anos atrás. Meus olhos brilhavam enquanto eu respondia “eu sabia que você viria! Eu sabia!”.
Então eu acordei e me dei conta de que foi apenas um sonho.


10 de agosto de 2016

“Querido Pedro,
Meu mundo está cinza. Eu não consigo amar alguém novamente. Todo amor que eu tinha, agora está contigo. Eu me sinto uma flor plantada numa terra árida. Aos poucos eu estou secando. Minhas pétalas estão se despedaçando. Preciso de você.”

“Laís,
É para frente que se anda! Não existe mais nós dois!”


10 de agosto de 2017

São cinco da tarde. Estou no litoral sentada na areia da praia. Sinto o ar salgado do mar enquanto a brisa brinca com meus cabelos cor de fogo. Estou sozinha a fitar o horizonte. Ao longe escuto o gritinho de crianças brincando na água. Casais rabiscam a areia com seus habituais desenhos de coração indiferentes se as ondas do mar apagarão a marca – para eles, o mais importante é o sentimento que está dentro do peito. O sol por sua vez mostra-se soberano no céu que está cercado pelos mutantes floquinhos de algodão.
Dizem que o tempo é relativo e que cura tudo... Mero engano! O tempo – supremo - sempre é o mesmo, nós é que nos transformamos. Sobre a cura, é a nossa própria força de vontade de perdoar e seguir em frente é que faz a diferença.
Ao longo desses anos, sinto que mudei. De uma delicada rosa eu me transformei em um magnífico cacto. Algumas pessoas ao se deparar com essa espécie em particular torcem o nariz por ela não ter a pose e o perfume extraordinário da rosa, todavia, graças a habilidade do cacto de sobreviver em lugares áridos ele se torna resistente ás adversidades. E isso o deixa incrível!
Abraço meus joelhos quando o sol se põe. Ao longe, gargalhadas se misturam ao som do vento. Meio a um suspiro, deixo escapar um sorriso.

Mesmo sem ele, hoje eu sou feliz.
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Abraço,


Jeiane Costa.
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