Olá pessoas queridas!
Vamos falar hoje sobre gastronomia?
O ato de o homem alimentar-se é uma
temática que tem gerado discussões sobre seu significado por vários gastrônomos
ao longo do tempo devido a extrema relevância que a alimentação possui aos
seres humanos ao mesmo tempo em que ela apresenta além do seu papel de
suprimento de necessidade física, um sentido muito mais amplo.
A alimentação está diretamente ligada à
história do ser humano, pois sem o ato de se alimentar o homem não sobrevive,
devido à necessidade básica do organismo de nutrientes para um bom
funcionamento.
No começo da história do homem, os seres
humanos alimentavam-se apenas com esse propósito. No entanto, com o desenvolver
da história, o homem foi evoluindo assim como nas suas preferencias quanto ao
alimento.
No principio era nômade e fatores como a
descoberta do fogo e aprimoramento do conhecimento e habilidades voltadas para
o campo fizeram com que abandonasse essa prática e passasse a adotar outros
hábitos alimentares.
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Essas mudanças no comportamento dos
seres humanos em relação ao alimento permitiram a diferenciação em relação aos
outros animais. Inclusive, passaram a buscar o alimento não mais como no
principio de sua história, apenas com o objetivo de suprimento de nutrientes,
mas também pelo prazer que o alimento é capaz de proporcionar ao mesmo.
Sobre o alimento, a culinarista
maranhense Zelinda Lima descreve como “tudo o que se ingere, e cujas
finalidades são a restauração da energia orgânica e a renovação dos tecidos
(...) cientificamente, alimentos são substâncias que penetram o organismo, são
processadas e reelaboradas pelo estômago e pelos intestinos”.
Segundo Zelinda, a
alimentação é, por consequência, o processo de nutrição que compreende a
ingestão dos alimentos, sua digestão, a absorção das substâncias transformadas
e a inclusão delas na corrente sanguínea, até o consumo, pela célula, dos
alimentos necessários à vida.
O homem, no entanto, não consome o
alimento apenas com a finalidade de saciar sua fome. Existem outros fatores e
simbologias ligadas ao individuo que o influencia na sua escolha. Crenças,
rituais, costumes, clima e geografia, disponibilidade de o alimento, cultura.
Quanto a este ultimo, Franco (2010) afirma que o desenvolvimento de aspectos da
cultura foi consequência do homem dispor alimentos além do necessário.
Para Fishler “a variedade de escolhas alimentares humanas procede, sem duvida, em grande parte da variedade de sistemas culturais: se nós não consumimos tudo o que é biologicamente ingerível, é porque tudo o que é biologicamente ingerível não é culturalmente comestível”.
Para Fishler “a variedade de escolhas alimentares humanas procede, sem duvida, em grande parte da variedade de sistemas culturais: se nós não consumimos tudo o que é biologicamente ingerível, é porque tudo o que é biologicamente ingerível não é culturalmente comestível”.
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Assim, a cultura influencia na
definição do conceito de “comida”, independentemente de seu valor nutricional.
Como exemplo, no Brasil em algumas tribos amazônicas é comum o consumo de
formigas, enquanto para a população localizada na zona urbana, para muitas
pessoas, a formiga não é considerada como “comida”.
A alimentação faz parte do
cotidiano do homem. Nesse contexto, Mendes (2014) afirma:
A alimentação faz parte do cotidiano das pessoas e
está presente em diversos momentos: na reunião familiar para fazer as
refeições; no encontro com amigos; nas festas e ocasiões comemorativas e, em
tantos outros momentos. Desta forma, a cultura de um determinado local pode ser
representada por seus hábitos alimentares, pelas variáveis na determinação da
escolha de produtos culinários e pela relação existente entre a comida e a
identidade cultural da sociedade na qual está inserida.
Assim, a gastronomia em determinado
local é possível identificar as particularidades dos pratos em diversas
situações, tanto nas refeições diárias quanto em ocasiões especiais. A
identidade cultural influencia na escolha de ingredientes e modo de preparo,
bem como a maneira de consumir o alimento.
Ainda sob esse aspecto, estudiosos
apontam que a gastronomia tem uma importância significativa na formação da
identidade de uma localidade, devido o seu amplo conceito, isto é, seu
significado está além de preparar um alimento, como um inventário patrimonial
está presente na historia e cultura de um povo. É capaz de divulgar não apenas
a cultura local de um determina lugar, mas também hábitos e caminhos culturais
que são passados de geração a geração.
1 A Evolução do homem em relação ao
alimento
Ao longo do tempo, vários
estudiosos da área de gastronomia buscaram compreender o comportamento humano
em relação à comida e as consequências que surgiram quando o homem aprendeu a
cozinhar o alimento. Pois, desde a pré-história, as pessoas não se alimentam
movidas apenas pela necessidade de sobrevivência, mas também por puro prazer.
Para Franco (2010), o prazer do
comer é a sensação de satisfazer uma necessidade que temos em comum com os
outros animais. O homem, sendo onívoro, seleciona o alimento com base em
preferencias individuais e coletivas ligadas a valores, significados, gostos
cada vez mais diversificados.
Montanari (2008) refletindo sobre
essa temática, apresenta a seguinte questão, “o que distingue a comida dos
homens da dos outros animais?”, sob esse aspecto, Franco (2010) afirma que essa
profunda diferença surgiu quando o homem aprendeu a cozinhar. Cozinhando,
descobriu que podia restaurar o calor natural da caça, acrescentar-lhe sabores,
odores e torna-la mais digerível, além de deixar os alimentos mais fáceis para
mastigar e conservar. Graças ao ato de cozinhar foi possível ao homem o
desenvolvimento do paladar.
Freixa e Chaves (2012) refletindo
sobre a ligação entre homem e o alimento, buscaram apresentar uma definição do
período pré-histórico para melhor compreensão desse contexto. Assim, para as
autoras, esse período compreende-se desde a origem da humanidade até o
desenvolvimento da escrita, por volta de 3500 a.C.. Essa Era inicial é divida
em três fases: a Idade da Pedra Lascada ou Paleolítico, Idade dos Metais e a
Idade Antiga.
Esses três períodos foram bem
marcantes na história para os seres humanos quanto à perspectiva gastronômica,
pois é bem visível o desenvolvimento e amplitude da alimentação do homem.
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No Período Paleolítico os homens
dependiam exclusivamente da caça, pesca e da coleta de grãos. “Alimentavam-se
de raízes, tubérculos, talos tenros, frutas e grãos silvestres. Lentilha,
framboesa, figo, uva e mel foi utilizado para adoçar os alimentos” ao passo que
no Período seguinte, - a Idade da Pedra Polida -, o homem além de consumir
alimentos da natureza já é capaz de criar animais e produzir alimento através
da agricultura. Com a domesticação de animais como a ovelha e a cabra (8000
a.C), o porco (7000 a.C.) e a vaca (4000 a.C.), foi possível o consumo do leite
e, posteriormente, a produção de derivados. Isso foi possível graças a
estabilização dos climas do planeta Terra que ficaram parecidas com as de hoje.
Surgiram os primeiros utensílios de
pedra e de barro, ferramentas cortantes, - como a faca, instrumento que então
tinha pontas afiadas e uma extremidade arredondada para o encaixe na palma da
mão – e, utilizando-se a argila, inventou-se o forno de barro compactado.
Com o passar do tempo, já na Idade dos Metais,
inovações foram surgindo trazendo importantes mudanças na sociedade com o
aparecimento das primeiras aldeias e, tempos mais tarde, das primeiras cidades.
Como ser social e inteligente, o homem foi capaz de desenvolver não apenas
ferramentas para manipular os alimentos, mas também, normas para reger a vida
em comunidade, desenvolveu costumes e crenças. Em outras palavras, o inicio das civilizações está intimamente
relacionado com a procura dos alimentos, com os rituais e costumes de seu
cultivo e preparação, e com o prazer de comer.
Com o surgimento das comunidades, a
divisão do trabalho entre o homem e a mulher ficaram mais evidentes: enquanto
os homens se encarregavam da criação de animais, pesca e preservação do grupo
contra os predadores, as mulheres por sua vez, ficavam encarregadas de cuidar
dos filhos, plantar e preparar os alimentos.
Outra mudança que aconteceu no
comportamento do homem devido a essa ligação definitiva ao solo, segundo Leal
(1998), foi a instalação de mobiliários para dormir, sentar, comer e guardar alimentos
nas moradias fixas. Os grupos já existentes começaram a trocar experiências com
os grupos vizinhos, surgindo assim o comercio.
Ainda nesse período histórico, com
o aparecimento das primeiras civilizações como Mesopotâmia, Egito, Índia, China
e Pérsia vieram o primeiro registro escrito do ofício de cozinheiro (2000
a.C.).
Quanto aos hábitos alimentares,
Burity (2014) afirma que há fortes ligações entre o homem e seu hábito
alimentar estiveram presentes nos mais célebres momentos da evolução humana, pois
o alimento é condição para a sua subsistência e representatividade do gosto ou
hábito cultural de uma sociedade. Para Franco (2010), os hábitos alimentares
tem raízes profundas na identidade social dos indivíduos.
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Entre os gregos da Antiguidade, o aumento da
classe aristocrática mais rica, levou a arte de comer a se associar à arte de
receber, acarretando um refinamento da cozinha. Os gregos levaram os princípios
da sua culinária para os romanos, durante suas batalhas. E o povo romano, por
sua vez, acabou criando uma cozinha variada e refinada, guardando muitas
semelhanças em relação às refeições e à hospitalidade.
Segundo alguns sociólogos que
estudaram a contraposição entre diversos tipos de sociedade e de cozinha,
somente as sociedades complexas, fortemente hierarquizadas e estatizadas, como
aquelas que se desenvolveram historicamente na Europa e na Ásia, tiveram
condições de produzir uma cozinha profissional, claramente distinta da
domestica.
Para Freixa e Chaves (2012) esse
desenvolvimento de sistemas de organização e hierarquia ligado ao comer e beber
criado pelas civilizações antigas do mundo, surgiram com a finalidade de
sobrevivência e prazer.
Outro ponto importante é a cozinha
escrita. A sua relevância se deve ao fato de permitir codificar, em um
repertorio estabelecido e reconhecido, as praticas e as técnicas elaboradas em
determinada sociedade.
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Abraço,
Jeiane Costa.
jeianecosta.novel@outlook.com
www.portalolhardinamico.com.br
Você pode gostar de ler:
Créditos especiais:
ABREU, Edeli Simoni de
Abreu; VIANA, Isabel Cristina; MORENO, Rosymaura Baena; TORRES, Elizabeth
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história. Saude soc. Vol. 10 nº2 São Paulo. Aug./Dec.2001
BRAGA, Vivian. [artigo]
cultura alimentar: contribuições da antropologia da alimentação. Saúde em
revista. Disponivel
em:<www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/saude13art05.pdf>. Acesso jun
2015
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Ana Leticia. [dissertação] Culinária maranhense: a Identidade Alimentar na
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CARVALHO, João Renôr
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Senac São Paulo, 2007
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Ed. Senac São Paulo, 2009
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Comida como cultura. Tradução de Leticia Martins de Andrade. São Paulo: Senac
São Paulo, 2008
Imagem 2. Disponivel em: <http://escolakids.uol.com.br/de-onde-vem-o-alimento-que-consumimos.htm>. Acesso em: 09.10.17
imagem 3. Disponivel em: <http://blogdonavarro2010.blogspot.com.br/2013/05/o-pobre-que-va-comer-grilos-e.html> Acesso em: 09.10.17
imagem 4. Disponivel em:<http://acontecesaobento.com.br/blog/2015/11/11/gastronomia-sociedade-e-cultura-uma-historia-de-evolucao-humana/> acesso 09.10.17
imagem 5. disponivel em< http://correiogourmand.com.br/info_01_cultura_gastronomica_01_12.htm>. Acesso em: 09.10.17
imagem 6. Disponivel em:<http://comeronocomer.es/entrevistas-mitologicas/viaje-la-antigua-dieta-griega> acesso 09.10.17
Imagem 2. Disponivel em: <http://escolakids.uol.com.br/de-onde-vem-o-alimento-que-consumimos.htm>. Acesso em: 09.10.17
imagem 3. Disponivel em: <http://blogdonavarro2010.blogspot.com.br/2013/05/o-pobre-que-va-comer-grilos-e.html> Acesso em: 09.10.17
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imagem 6. Disponivel em:<http://comeronocomer.es/entrevistas-mitologicas/viaje-la-antigua-dieta-griega> acesso 09.10.17
Muito bom Je! A gastronomia está tão presente em nosso dia a dia que há várias nuances que já não conseguimos perceber mais. Por ex, é fato que o domínio do fogo levou o homem a um salto evolutivo, mas graças ao entendimento dos quatro elementos é que podemos contar com dias cada vez mais saborosos, a começar pelas primeiras horas do dia. O que seria de nosso café da manhã se não fosse o ar para fermentar nossos pães? Bjins!
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