Olá pessoas queridas!
Hoje falaremos um pouco
sobre a Geografia e seus desafios. Para essa entrevista, convidamos a
profissional Ariane Costa, Graduada em Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual do
Maranhão (UEMA) e Mestra em Desenvolvimento Sócioespacial e regional pela (UEMA).
Blog: Qual é o perfil do
estudante que quer cursar na universidade Geografia?
Ariane: o curso de Geografia
proporciona dois segmentos: o primeiro, que ajuda o profissional a lecionar em
escolas (ensino fundamental ao ensino médio), e o segundo, o Bacharelado, que o
profissional poderá trabalhar na área do geoprocessamento, na elaboração de
mapas que hoje é muito solicitado por empresas. Por exemplo, o dono de uma
fazenda que precisa do mapa da área da fazenda, ele irá contratar o geógrafo
para esse trabalho. Assim temos: Geografia Licenciatura e Geografia
Bacharelado.
O perfil do aluno que deseja
cursar geografia é uma pessoa que gosta de estudar sobre tudo. Por que a
Geografia abarca muita coisa. Por exemplo: geografia humana que estuda sobre
população, problemas sociais; geografia física investiga o porque acontece os
terremotos, tsunamis, os solos, os rios; geografia rural e agrária que estuda
os problemas do campo; geografia urbana que estuda os problemas das cidades, ou
seja, a geografia estuda toda a ciência do Planeta Terra. Portanto, é um curso
muito vasto e exige pessoas que gostam de ler e estudar diversos temas, pessoas
curiosas e que se interessam pela pesquisa.
Blog: qual é a durabilidade do
curso?
Ariane: A graduação são quatro
anos e o estudante pode optar pela licenciatura ou bacharelado. O estudante
também pode optar em fazer o curso de licenciatura (quatro ano) e depois cursar
o bacharelado (que com o aproveitamento de cadeiras, vai durar entorno mais
dois anos). Então após seis anos (em média), o estudante poderá ter as duas
habilitações na área.
Blog: qual é a ementa do curso?
Ariane: Além dos que eu citei
anteriormente, tem a Geografia econômica, Geografia política, geografia física,
geografia humana, estuda-se também sobre os conflitos mundiais, climatologia,
hidro geografia, biogeografia. Além disso, o aluno tem a oportunidade de
aprender através das disciplinas filosofia e sociologia, o que contribui para o
estudante que sai da universidade com um conhecimento muito vasto.
Blog: de todo esse conteúdo
aprendido ao longo dos anos, qual foi o mais atraente para você?
Ariane: Durante a minha graduação
eu trabalhei muito com pesquisa. Tive a oportunidade de trabalhar com iniciação
cientifica praticamente durante toda a graduação. Eu estudei muito sobre
geografia agrária, conflitos do campo, as politicas voltadas para esse
desenvolvimento, os problemas sociais no campo. então eu me interesso muito por
essa temática. É um assunto atual que as pessoas imaginam que não acontece
mais. Por exemplo, conflito por terra. É um assunto que infelizmente ainda
existe e é um problema muito sério por que ainda há pessoas que morrem por
isso.
Blog: Qual é a importância da
iniciação cientifica para o estudante?
Ariane: A universidade possui um
tripé: pesquisa, ensino e extensão. Essa é a grande diferença entre a
universidade e a faculdade. A pesquisa proporciona a investigação, possibilita
a ampliação do horizonte do estudante que desenvolve o senso crítico. Auxilia e
influencia o aluno também na ingressão para o Mestrado. Eu particularmente tive
a experiência de apresentar meus trabalhos em congressos, visitei outros
estados, conheci outras pesquisas. Através da pesquisa, você potencializa o
processo de aprendizagem e amplia o conhecimento de modo mais eficaz. A
pesquisa exige um perfil: é necessário paciência, disciplina e gostar dessa
atividade por ela exigir muita leitura, saber ouvir críticas dos professores em
relação aos trabalhos. Outro fator interessante, é que infelizmente existe uma
porcentagem muito pequena de pessoas que se dedicam para essa área de pesquisa
por que não há uma valorização. As renumerações (bolsas) possuem valores muito
baixos e o aluno muitas das vezes precisa trabalhar para se sustentar, então
percebe-se que ainda não dá para ter a pesquisa como trabalho integral aqui no
Brasil. É preciso investimento nos laboratórios, na própria universidade que
precisa investir mais nesse segmento, principalmente no Maranhão que ainda é
muito amadora em comparação com outros lugares que recebe do governo o devido
amparo financeiro. É possível observar ainda que os países desenvolvidos tem
como principal foco as pesquisas. Nas universidades tem muitos estudantes
dedicados na área da pesquisa cientifica e há um resultado positivo nesses
lugares: descobertas de vacinas para combater doenças, remédios, tratamentos,
etc são descobertos nesses países através desses cientistas que trabalham em
várias áreas. No Brasil, no entanto, nota-se que ela ainda está engatinhando...
Blog: quais são os desafios
enfrentados na academia para o estudante de geografia?
Ariane: Geografia não se resume a
teoria e leitura. Existe também cálculos na parte de estatísticas. Por exemplo,
ao falar sobre população, é necessário falar os dados que automaticamente solicitam
estatísticas. Então é preciso entender como essas pesquisas chegam aos
resultados; matemática e cálculo; a disciplina de estatística é o calcanhar de
Aquiles para muitas pessoas; a área de cartografia que trabalha com mapas, com
escalas, como reduzir aquele mapa, etc; geologia é uma disciplina muito
interessante, mas possui suas dificuldades. Outra dificuldade é a afinidade com
o curso.
Blog: Quando o aluno se gradua em
geografia, quais são as opções para o mestrado?
Ariane: No Maranhao, tem o Mestrado
voltado para Geografia na UEMA (universidade estadual do maranhão) e é possível
escolher varias áreas. Outra opção é em desenvolvimento socioespacial que é um
Mestrado não voltado apenas para geógrafos. Nesse curso é possível encontrar
profissionais de outros cursos. Tem mestrados na UFMA, não voltados para a
geografia, mas é importante a capacitação profissional. O mestrado ajuda a
polir o profissional. A duração do mestrado é de dois anos.
Blog: Com o diploma do curso
de Geografia em Licenciatura e mais o curso de mestrado em mãos, como é a
atuação do professor em sala de aula aqui no Maranhão?
Ariane: Eu já tive algumas
experiências no setor privado e atualmente no setor público. Ser professora
hoje é muito desafiador por vários motivos: no setor privado há uma má
remuneração e os professores são muito cobrados. Existe uma cobrança muito
grande, mas em contra partida um salário muito baixo – em algumas escolas o
salário é pago por hora de trabalho e o professor não é valorizado; no setor
público existe problemas muito sérios: salas muito lotadas, a infraestrutura
precária, as vezes não se tem o essencial para ministrar aula. Sobre isso, eu
trabalhei numa escola do interior do estado e alí existia dificuldades muito
maiores. Então, afastado da capital a escola tem poucos recursos, poucos
ventiladores na sala, quadro de giz, um Datashow para toda escola (doze sala de
aulas), então enquanto um professor utiliza o recurso, os outros precisarão
exercer a criatividade, improvisar para passar o conteúdo da melhor maneira. É
muito comum ouvir a orientação dos superiores “professor, use a criatividade”,
como se o professor não fosse criativo. E isso compromete no resultado da
aprendizagem dos alunos. Atualmente existe o IEMA que é uma escola padrão do
governo. Então, a realidade é outra nessas escolas. esse lugar proporciona ao
professor recursos para trabalhar muito bem. É muito bem equipado. A escola é
com turno integral (manhã e tarde), tem disciplinas de área técnica e da base
curricular. É servido lanches, almoço nos horários estabelecidos, cada sala tem
ar condicionado, um Datashow, tem espaço de laboratórios para varias
disciplinas onde os alunos podem experimentar e isso é muito bom por que a
ministração dos conteúdos não ficam limitados e isso motiva tanto os alunos
quanto os professores. Os alunos são selecionados então possuem uma postura de
disciplina, são empenhados para aprender, não são apenas carregadores de livros
e isso também influencia.
Blog: O mercado de trabalho para
o geógrafo é vasto?
Ariane: Sim. Se o geógrafo for
bem capacitado. Se ele de fato for competente em sua área, sim.
Blog: o geógrafo é valorizado?
Ariane: Eu não tenho essa
experiência por não ter a graduação no ramo de bacharelado, contudo, eu tenho
amigos que são graduados nesse segmento e estão muito bem.
Blog: Qual é a sua mensagem para
aquelas pessoas que escolheram a geografia como a sua carreira?
Ariane: Saber que escolha hoje em
dia para trabalhar em sala de aula não é fácil. As pessoas precisam estar
cientes disso. Quando eu decidi fazer licenciatura eu não pensei nesses
problemas de sala de aula citados anteriormente, mesmo estudando em escolas
publicas, eu não tinha essa noção de que as escolas poderiam ser difíceis de
trabalhar. Então é uma profissão muito desafiadora, não é para qualquer um,
você precisa ter paciência, tolerância, gostar do que faz, precisa saber que é
difícil mas que ao mesmo tempo é muito gratificante por que você faz parte da
vida de outras pessoas, influencia essas pessoas de modo como outra profissão
não terá esse privilegio. Por exemplo, um estudante que conclui o ensino médio,
tem uma graduação e depois tem o sucesso na carreira que ele escolheu, a gente
sabe que fez parte daquele sucesso dele, mesmo que seja pouco, mas a gente fez.
É importante também, encaminhar os jovens, saber exercer a profissão, fazer o
trabalho.é gratificante, vale a pena, mas você precisa gostar por que as vezes
os obstáculos são grandes. Não é uma profissão que renumera tanto, mas se você
for um bom profissional independente do curso que fizer, você será bem
sucedido.
Agradecemos a entrevistada e esperamos que esse pequeno artigo possa ajudar a esclarecer sobre essa temática. Para maiores informações, deixamos aqui o e-mail da entrevistada:ariane16ma@hotmail.com.
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Abraço,
Jeiane Costa.
jeianecosta.novel@outlook.com
Instagram: meioaspalavras
Twitter: https://twitter.com/Meioaspalavras
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