“Fora da água eu não tinha nenhum aviso, nem
mesmo a menor sinal de perigo no horizonte. A água estava clara e calma.
Parecia como uma grande piscina, maior que as profundas águas do oceano em
Kauai, Havaí. As ondas eram pequenas e inconsistentes, e eu estava passando por
elas, relaxando na minha prancha de surfe com meu braço esquerdo estendido sob
a água. Lembro-me de pensar que eu esperava surfar logo, quando repentinamente
havia um flash cinza.
Tudo aconteceu numa fração de segundo:
Eu senti uma forte pressão e um puxão rápido. Então eu vi a mandíbula de um
tubarão tigre cobrir o topo de minha prancha e meu braço esquerdo. Eu vi em
choque que a água em minha volta se transformara em vermelho. Eu havia perdido
o meu braço quase até a parte da axila, juntamente com um enorme pedaço da
minha prancha de surfe.”
(Bethany
Hamilton)
Bethany e sua prancha de surf usada no dia do acidente
Olá pessoas queridas!
Sabemos
que em questão de segundos nossa vida pode mudar para sempre. Faz parte da vida
esses “desafios”, e grande parte deles nos ajudam a amadurecer. Hoje como
sugestão de filme, trago a história de Bethany Hamilton, uma surfista que enquanto se divertia entre as
ondas do mar com seus amigos, foi atacada por um tubarão tigre e teve sua vida
completamente transformada a partir daquele momento.
Confira!
Família de Bethany
Exceto
pelo fato ser halloween, Bethany estava em uma manhã comum. Ela e sua mãe,
Cheri, partiram antes do amanhecer procurando por um bom lugar para surfar.
Quando chegaram no destino, um lugar chamado Cannons, o sol ainda não havia
nascido. Ela saiu do carro, mas ainda estava muito escuro para ver a água. Ela
não conseguia ouvir o barulho das ondas direito. “Se a onda está realmente boa
para surfar, você pode ouvi-la arrebentando no recife a longa distância.” –
conta.
Igualmente
desapontadas, a sra. Cheri sugeriu que elas voltassem no dia seguinte para
surfar. Bethany sabia que se ela não surfasse ela voltaria para casa para fazer
as tarefas escolares (inglês ou matemática). E por desejar ser uma sufista
profissional ela estudava em casa, para ter tempo para praticar, mas os seus
pais a empilhavam de tarefas.
“Eu
comecei a participar de competições quando ainda estava na escola. Viajar pelo
estado do Havaí não era fácil ou barato, e meus pais não eram ricos: papai era
garçom e mamãe era diarista. Nós precisávamos de dinheiro para inscrições,
passagens aéreas, aluguel de carros, alimentação e estadia em hotéis. E ao
contrário de outros esportes como golfe, se você vencer, o prêmio é pouco (ou
não há) dinheiro, especialmente para a categoria infantil. Mas os meus pais
estavam conseguindo com sacrifício por mim. Com o apoio deles, eu participei da
minha primeira grande competição com oito anos de idade. As ondas eram enormes
e eu pude sentir a adrenalina. Muitas crianças pequenas se sentiram intimidadas
quando as ondas começavam a ficar imensas. Quanto a mim? Eu nasci pra isso - para ser a
maior e melhor surfista! Terminei vencendo todos os jogos e campeonatos da
divisão.” – Lembra.
Bethany e sua melhor amiga Alana
Depois
disso, Bethany participou com maior frequência dos campeonatos e se saiu bem na
maioria deles. Parecia possível que ela se tornaria uma sufista profissional
assim como algumas garotas da ilha que ela morava. Pelo menos seus pais e dois
irmãos mais velhos acreditavam nisso. Esse era o grande sonho de sua vida.
“Quando
nos afastamos de Cannons, eu dei minha ultima tentativa. Sugeri que fossemos
para a praia de Tunnels. Tunnels fica próximo de Cannons, mas os sufistas
gostam de lá por que as ondas são ótimas para surfar quase durante todo o ano.
Mamãe concordou e enquanto dávamos partida no carro, chegaram Alana Blanchard,
minha melhor amiga, seu irmão de 15 anos e seu pai, Holt numa caminhonete
preta. Imaginei que apesar das ondas estarem ruins, o dia estava ensolarado, a
água estava morna e meus amigos estariam comigo.
Pedi para mamãe me deixar
ficar. Ela concordou desde que o sr. Holt me levasse para casa. Então, me
juntei aos meus amigos e descemos para a praia de Tunnels. Eu estava feliz por
ir surfar. Eu estava feliz por estar com meus amigos. Eu senti a temperatura
morna da água borrifar contra meus tornozelos e antes de entrar na água, eu
olhei o meu relógio.
Era 6:40 de uma bela manhã de Halloween em 2003”.
O tubarão que a atacou capturado
Deitada
na prancha, vendo seu sangue se espalhando na água a sua volta, Bethany disse
para seus amigos que estavam mais próximos, com a voz alta e ainda sem pânico
“eu fui atacada por um tubarão”.
Byron
e Holt a pegaram em um flash. O rosto de Holt estava pálido e seus olhos
arregalados. “oh, meu Deus!” disse ele, mas sem perder o controle. Ele a empurrou pela parte traseira de sua prancha em direção à
praia. Foi um milagre que naquele dia a maré estava alta. Se ela estivesse em
um nível mais baixo, eles precisariam dar à volta para alcançar à costa e se
isso acontecesse, a praia ficaria muito mais distante para chegar até lá.
“Meu
braço estava sangrando muito, mas não tanto quanto se a artéria principal
estivesse aberta. Eu sabia agora que feridas como a minha poderiam fazer com
que artérias voltassem a ‘apertar’. Eu rezava como louca repetidas vezes:
‘Deus, por favor, ajude-me, me deixe chegar à praia.’
Quando nos aproximamos da
praia, o sr. Holt tirou sua camisa cinza de mangas longas e a envolveu envolta
da ponta do meu braço ferido como um torniquete. Byron que estava à nossa
frente, telefonou para 911.
O sr. Holt continuava me fazendo perguntas como
‘Bethany, você ainda está acordada? Como você está?’ eu acredito que ele queria
se certificar de que eu não tinha desmaiado no meio do oceano. Então eu ficava
falando, respondendo suas perguntas e rezando em voz alta e vendo a praia se
aproximar cada vez mais e nós”.
Bethany no hospital
“Assim
que alcançamos a costa, o sr. Holt me retirou da prancha e me colocou na areia.
Então ele amarrou o meu braço com a correia da prancha de surfe para parar o
sangramento. Naquele momento, tudo estava escuro, e eu não tenho certeza de quanto
tempo eu fiquei assim. Minha consciência
ia e vinha. O que aconteceu à seguir foi uma sensação confusa, mistura de
visões, sons e sensações. Eu me lembro de sentir frio. Eu ouvi dizer que isso
acontece quando você perde muito sangue.
Pessoas
trouxeram toalhas e me envolveram com elas. Eu me lembro que comecei a sentir
dor na ponta do meu braço ferido e a pensar no quanto isso doía. Eu sei que eu disse
‘eu quero minha mãe’. Eu também me lembro de sentir sede e pedir água à Alana.
Então ela correu ao sr. Fred Murray, uma das pessoas que apareceram naquele
momento por ouvir os gritos de pedido de socorro na praia enquanto o resto de
sua família estava em Kauai para uma reunião familiar, relaxando numa casa de
praia alugada.
‘Venha
comigo!’ disse ele, e eles voltaram para a casa que a família do sr. Fred
estava. Lá encontraram um homem chamado Paul Wheeler que era chefe de bombeiros
e paramédico em Hayward, na Califórnia. Alana explicou a ele, da melhor maneira
que ela conseguiu em seu estado de choque, o que aconteceu e que eu precisava
de água.
Paul
não hesitou em ajudar. Ele saiu de casa para estar ao me lado. Eu me lembro de
seu rosto e sua voz piedosa. Eu acredito que todos estavam aliviados por haver
um profissional em cena. Eu me senti confortada. Paul examinou a ferida. Alana
veio com a água, mas Paul a aconselhou a não me da-la. ‘eu sei que você está
com sede’ - ele me disse - ‘mas você vai precisar de uma cirurgia e você
precisa manter o estômago vazio’.
Um
vizinho trouxe um kit de primeiros socorros e Paul pegou luvas para que pudesse
limpar o ferimento com gaze para mante-lo limpo. Eu me lembro de estremecer
quando ele cobriu o ferimento, mas eu sabia que ele precisava faze-lo. Paul
sentiu o meu pulso. Ele sacudiu a cabeça enquanto sussurrava: ‘ela perdeu muito
sangue’.
Em
algum momento a ambulância chegou. Eu me lembro das sirenes com seu som agudo.
Eu me recordo de ser presa com agulhas, de ser deslizada para dentro da
ambulância. Eu me lembro muito claramente o que o paramédico Kauai disse a mim.
Ele falou de maneira gentil enquanto segurou minha mão quando chegamos ao
estacionamento de Tunnels.
Ele sussurrou em meu ouvido: ‘Deus nunca vai deixar
você ou abandona-la’. ”
Bethany e sua amiga Alana caminhando na praia após o acidente
O
pai de Bethany havia marcado uma cirurgia naquela manhã e estava na mesa de
cirurgia, anestesiado na parte inferior do corpo. O cirurgião ortopédico, o dr.
David Rovinsky estava se preparando para iniciar a operação quando uma
enfermeira invadiu a sala anunciando que havia uma emergência: uma garota de 13
anos havia sofrido um ataque de tubarão e precisavam daquela sala urgentemente.
O
pai de Bethany ao receber a notícia sentiu que aquela garota de 13 anos poderia
ser a sua filha ou Alana. O médico tentou acalma-lo dizendo que verificaria o
que estava acontecendo. Cinco minutos depois ele voltou à sala. Seu rosto estava
pálido e havia lágrimas em seus olhos. “Tom, é a Bethany”, disse ele, “ela está
em condição estável. É tudo o que eu sei. Eu preciso remove-lo daqui. Bethany
está vindo para cá”.
Nesse
tempo, a mãe de Bethany foi informada sobre o ataque, mas sem detalhes do
acontecimento. Ela correu até o hospital em busca de notícias da filha.
Dr.
Rovinsky tranquilizou os pais de Bethany, que apesar das circunstâncias as
probabilidades de recuperação estavam a seu favor: ela era jovem, em boa forma
física, o corte havia sido mais direto do que despedaçado, e a tranquilidade que
ela teve durante o acidente deixou as batidas do se coração devagar o
suficiente para manter a artéria cortada drenando o fornecimento de seu sangue.
Ele também estava otimista quanto à possibilidade futura de uma compensação de
um braço através do uso de uma prótese.
Bethany
passou por duas cirurgias para tratar a ferida.
“Nos
dias seguintes no hospital, eu dizia a papai ‘eu quero ser a melhor fotógrafa
de surfe no mundo’. Essa era a minha maneira de dizer que ‘eu sei que os meus
dias como surfista acabaram’. Ele apenas assentia meio a um sorriso ‘eu tenho
certeza que será’. Por que ele sabia o que eu queria dizer.
Mas
alguns dias depois eu comecei a pensar em voltar a surfar. Contudo, o médico
disse que eu deveria ficar fora da água por três a quatro meses após a segunda
cirurgia. Nesse período eu precisava ocupar minha mente com outras coisas.
Nas
minhas primeiras semanas em casa, minha família e eu experimentamos novos
significados para Aloha. Para aqueles
que tem Havaí como seu lar, aloha significa muito mais que olá e tchau. Essa palavra vai além das tradições antigas do Havaí, e
significa uma consideração e afeição mutua de uma pessoa por outra sem
expectativas de receber algo em troca. Significa que você faz algo de coração.
Quando
voltamos do hospital para casa, nós descobrimos que as pessoas da nossa igreja
haviam limpado radicalmente nossa casa, colocando flores em todos os lugares.
Por duas semanas, todas as noites, aparecia alguém com o jantar. Pessoas paravam para
oferecer ajuda de todas as formas. As pessoas não nos perguntavam, elas apenas
olhavam nossa situação e diziam: ‘Eu quero ajudar essa família. Eles precisam
de ajuda’.
Bethany surfando após o acidente
“Um
dia antes da Ação de Graças um pequeno grupo de familiares e amigos foram
comigo até a praia. Chegamos no final da tarde, e quando descemos a trilha, nós
percebemos o quanto aquele lugar era maravilhoso. A área de surfe era repleto
de talentos locais. Esse foi o dia que eu percebi que eu poderia surfar
novamente.
O
meu irmão Noah queria filmar minha primeira tentativa em sua câmera, então ele
a colocou dentro de uma armazenagem subaquática e nadou junto comigo. Meu pai
saiu do trabalho e veio até a praia e simplesmente nadando paralelo a mim enquanto ele
incentivava ao máximo, ‘vai, garota!’.
Matt
George, um amigo da família e escritor da revista Surfer também estava conosco. Alana e eu andamos sob a prancha de
surfe juntas, assim como fizemos na manhã de Halloween. Eu me sentia bem ao
passo que sentia o calor e o sabor salgado da água. Era como voltar para casa
após uma longa viagem. Pensei que cheguei muito perto de perder tudo aquilo que
eu realmente amava: o mar, minha família e meus amigos.
De
certa forma era como se eu estivesse aprendendo a surfar novamente. Eu tinha
que aprender a remar com apenas um braço e quando eu sentia a onda me pegando,
eu precisava colocar minha mão plana no centro da prancha para que meus pés
pudessem suprir, como se eu tivesse as duas mãos.
Minhas
primeiras tentativas não funcionaram: eu não conseguia ficar de pé na prancha. Eu
imaginei que seria mais fácil do que foi. Meu pai continuava incentivando ‘Bethany,
tente mais uma vez. Dessa vez você vai conseguir!’
Então
aconteceu. A onda veio e eu a peguei, coloquei minha mão sob a prancha e a
empurrei, de modo que fiquei de pé. Foi difícil descrever a alegria que eu
senti após conseguir ficar de pé na prancha e surfar pela primeira vez depois
do ataque. Mesmo molhada, eu senti as lágrimas descerem pelo meu rosto. Todos estavam
comemorando”.
Bethany e sua nova família
“As
vezes as pessoas me perguntam se eu tenho medo de tubarão agora que eu surfo
constantemente. A resposta é sim, as vezes meu coração aperta quando eu vejo
uma sombra na água. As vezes eu tenho pesadelos. Eu não me sinto preparada para
ir a Tunnels e surfar lá novamente. Eu não tenho certeza se voltarei a ir lá
novamente.
Eu acredito
que Deus tem planos para mim. Eu não estou dizendo que Deus fez com que o
tubarão me mordesse. Eu penso que ele sabia o que iria acontecer, e fez com que
a minha vida se transformasse mais significativa e feliz apesar disso ter
acontecido. Se eu puder ajudar outras pessoas a terem confiança em Deus, então
valeu a pena qualquer perda”.
Bethany
conseguiu realizar seu sonho de tornar-se uma surfista profissional. Escreveu um livro “Soul surfer: a true story of Faith,
Family and fighting to get back on the board” no ano de 2004. Deu
várias entrevistas e palestras sobre como superou essa fase difícil de sua
vida. Hoje ela é casada e tem um filho.
Desejo
que essa história seja um grande exemplo para todos nós. À seguir, fica o
trailer do filme que foi interpretado por Anna Sophia Robb no papel de Bethany. Valhe super a pena conferir: ⇩⇩
Se você gostou dessa postagem, deixe seu comentário abaixo e inscreva-se aqui, pois assim você receberá notificações de novas postagens.
Até a próxima.
Abraço,
Jeiane Costa.
e-mail: jeianecosta.novel@outlook.com
Instagram: meioaspalavras
Twitter: https://twitter.com/Meioaspalavras
www.portalolhardinamico.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário