Olá
pessoas queridas!
Você
sabia que apesar de São Luís ter sido invadido pelos franceses (1612) e ter
sido recuperado pelos portugueses (1615), houve uma época em sua história em
que a cultura ludovicense sofreu influências francesas no seu cotidiano?
Confira!
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Entre
1780 e 1820, o Maranhão experimentou uma posição singular perante a economia
brasileira. Como consequência, houve uma elevação cultural e mudanças na
sociedade maranhense, possibilitando a sua projeção no âmbito intelectual.
Lacroix¹
afirma que de imediato, houve uma reação às ideias advindas da revolução
francesa e até mesmo a proibição da entrada em São Luís de obras consideradas demoníacas.
Todavia, nas primeiras décadas do século XIX surgiram influências decorrentes
desse movimento nos discursos de deputados maranhenses. Além disso, os temas políticos, ideias liberais e o
vocabulário aparecem nos poemas, romances e artigos de jornais dos letrados
ludovicenses.
Nesse
período, maranhenses estudaram Medicina na França. Receberam uma formação europeia,
coimbrã, britânica ou francesa, destacando-se, os hábitos parisienses. Os rapazes
de famílias menos abastadas, estudavam na faculdade de Direito em Olinda
(Recife).
Os costumes
patriarcais da Província foram se modificando: as boas maneiras cuidadosamente
praticadas e certos costumes foram abolidos. As damas antes transportadas nas
tabocas, passaram a fazer suas visitas transportadas nos palanquins – uns
dourados, outros pintados a óleo, outros entalhados com estofados, portinholas desenhadas
à imitação europeia. Os negros carregavam esses palanquins em seus trajes com
com librés de cores berrantes, à moda da corte francesa.
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No
Maranhão, a moda francesa foi absorvida. O vestuário se transformou: as saias
de seda, as camisas de cambraia e o xale de lã foram substituídos pelas saias
de balão e corpetes de pafos com talas de baleia. Os homens abandonaram a
casaca de seda cor de pérola e o calção de cetim azul pela casaca, a
sobrecasaca e a calça de casimira francesa. Usavam também chapéus do mais alto
estilo britânico fabricados pelos irmãos Bluhm, que obedeciam rigorosamente à
moda londrina.
As
joalheiras daquela época vendiam muito conto em joias. Os cabelerieiros
Fortunado e Louis Ory eram os responsáveis em pentear as senhoras maranhenses
para bailes, casamentos e festas religiosas, conforme ditava a moda francesa.
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A
gastronomia também sofreu influencias nesse período: Tornou-se corriqueiro o uso de servir
em bandejas de prata ou de faience o xerez, o madeira, o
champanhe de ouro ou de purpura, o tocái, o lágrima cristi, a ambrosia, as
capelas, trouxas de ovo, o leite creme, hatchis oriental à Monte-Cristo, os
sorvetes gelados do Ocidente, o néctar dos deuses. Nada faltava nos casarões e
era servido com a graça, presteza e ordem, ditadas pelas boas maneiras
europeias.
Palavras francesas
foram inseridas no vocabulário usual do maranhense. Pessoas nascidas nas
ultimas décadas do século XIX e que viveram
algumas décadas do século XX, vez por outa falavam expressões
francesas, tais como, tout le mond, partout, laissez faire, etc. Até
meados do século XX, a linguagem do maranhense diferia dos outros estados, pelo
uso de expressões francesas substitutivas das palavras análogas do português,
tais como: matinée (matinal), liseuse (golão), chambre (camisola), coquette (elegante), coqueluche (em
moda), rouge (carmim), dentre outras.
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O teatro mudou de feição.
Companhias líricas europeias passaram a vir a São Luís cantar para um publico
mais sofisticado. Essa influências foram inseridas nas obras escritas
na língua portuguesa, pois, não raro, continham expressões ou
citações no idioma francês.
Os casarões de
estilo colonial português também abrigaram salas
sofisticadamente decoradas numa imitação aos salões da nobreza
francesa.
A
IDEOLOGIA DA SINGULARIDADE
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O
estado do Maranhão foi instituído pela Coroa portuguesa independente do Brasil,
conforme a Carta Régia de junho de 1621. Assim, essa separação não foi
somente institucional, mas também, psicológica: particularmente, o ludovicense não
se sentia brasileiro. Somente em 1823 o Maranhão integrou-se ao Brasil,
desvinculando-se do jugo português.
Aquele crescimento econômico (1850
a 1870) estimulou o luxo, a sofisticação, alterou o comportamento da
elite, emergindo uma mentalidade de superioridade da terra, indicando uma
tentativa vigorosa de afastamento lusitano. Nesse ambiente, surgiu a ideia de
uma elite diferente em comparação com o resto do Brasil.
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Alguns estudiosos atribuem à riqueza
trazida pelo algodão no início do século XIX, a florescência intelectual,
geradora de uma configuração cultural singular, num momento de emergência de
autonomia política e administrativa do Brasil.
A imagem de sociedade instruída,
representada por um grupo de estudiosos e intelectuais criativos, rendeu
ao Maranhão o cognome de Atenas Brasileira e ao maranhense o status de
ateniense de maneira generalizada, dissimulando uma visão concreta e efetiva
daquela sociedade elitista e preconceituosa.
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A ideia de que a Atenas Brasileira
era especial e superior foi aceita também pelos
menos favorecidos, e o Maranhão em seu declínio econômico e
cultural, por várias décadas foi nutrido por esse orgulho. Todavia,
aquela efervescência intelectual do Maranhão do século XIX, restringiu-se a uma
fatia mínima da população.
Pela visão exagerada de
todo um questionável esplendor, o maranhense sentiu-se
superior às populações das outra províncias e procurou
buscar uma diferença, ainda que mítica, em suas origens.
AS MARCAS LUSITANAS
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As edificações de São Luís colonial, genuinamente portuguesas, foram conservadas e expandidas na época imperial, em seus rápidos períodos de bonança e influência francesa.
Até hoje são guardados os nomes das
primeiras ruas, conservando o encanto muito especial das suas origens. Esses
nomes diferenciam São Luís das outras capitais brasileiras, por lembrarem suas
raízes lusitanas. Todavia, não há resquícios franceses nas ruas
da Capital do Maranhão.
Desde os primeiros anos de vida da
cidade de São Luís, as ruas e largos foram palco das crianças nas suas
distrações infantis. Brincadeiras de meninas e meninos foram transportadas de
Portugal, assim como as festas religiosas.
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Antes do Maranhão receber os escravos
e consequentemente, sofrer as fortes influências
da culinária africana, os colonos mostravam grande interesse ao
cardápio lusitano, devido a importação de azeitonas portuguesas, azeite doce de
Lisboa, alho, alcatrão, bacalhau português, canela, cebola, dentre outros
produtos. As influências lusitanas estão presentes também na música e no
folclore maranhense.
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Abraço,
Jeiane Costa.
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Fonte: ¹LACROIX, Maria de Lourdes. A fundação francesa de São Luis e seus mitos.
Imagem 1: Detalhe de janela de casarão antigo. Fotografia: Raimundo Nonato Costa.
Imagem 2: Detalhe de azulejos coloniais. Fotografia: Raimundo Nonato Costa.
Imagem 3: Esquina da Rua da Cruz. Fotografia: Raimundo Nonato Costa.
Imagem4: Azulejos coloniais. Fotografia: Raimundo Nonato Costa.
Imagem 5: Vista para São Luis. Fotografia: Raimundo Nonato Costa.
Imagem 6: casarão no centro histórico. Fotografia: Raimundo Nonato Costa.
Imagem 7: o muro e o tempo. Fotografia: Raimundo Nonato Costa.
Imagem 8: Casarão antigo. Fotografia: Raimundo Nonato Costa.
Imagem 9: Rua no centro histórico de São Luis. Raimundo Nonato Costa.
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